Eu vi…
Circuncidado
Todas
as histórias, antigamente, começavam assim: “Era uma vez …”.
Hoje
também vou contar uma história vivida, presenciada e jamais esquecida,
começando do mesmo modo. Ora leiam-na!
Era
uma vez um rapaz de 17 anos, sonhador, romântico, cheio de energia e saúde,
esperançado numa vida feliz e futuro brilhante. Tudo isto, porém, era mesmo um
sonho. Embora ainda não tenha desistido de procurar a felicidade, Cantanduva,
como era conhecido, nunca foi brilhante. Calado, introvertido, não tolerava
idiotas e não se compadecia com gente burra. Abominava a falsidade e a
deslealdade; modesto, mas orgulhoso, cultivando o brio pessoal.
Viveu
e testemunhou muitos acontecimentos, uns felizes outros nem por isso. Mas o que o marcou profundamente a sua memória
foi quando lhe pediram que ajudasse um rapaz mais novo. Chamava-se
Chitanguereka e tinha 16 anos. Como era da praxe, um dos “rictos de passagem”,
que naquela idade tinha de ser cumprido, era a circuncisão. O pai deixou-o ir
com o respetivo padrinho para um lugar secreto, onde decorreria essa operação.
Não
vou pormenorizar o acto cirúrgico, feito ao ar livre com bisturis rudimentares
e sem aplicação de desinfectantes ou antibióticos, nem a liturgia que o
acompanha. Cinjo-me ao resultado final no Chitanguereka. Para justificarem o
pedido de ajuda, desnudaram-no para eu próprio verificar o que acontecera. E quando
olhei para a zona púbica do desgraçado rapaz foi como me chicoteassem- Senti uma emoção
profundamente triste e insanável: havia apenas um furo. Tudo o mais era
perfeito: os testículos estavam no lugar e mais nada. Foi uma visão tremendamente
marcante
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