11 abril 2019


Eu vi…

Circuncidado


 

Todas as histórias, antigamente, começavam assim: “Era uma vez …”.

Hoje também vou contar uma história vivida, presenciada e jamais esquecida, começando do mesmo modo. Ora leiam-na!

Era uma vez um rapaz de 17 anos, sonhador, romântico, cheio de energia e saúde, esperançado numa vida feliz e futuro brilhante. Tudo isto, porém, era mesmo um sonho. Embora ainda não tenha desistido de procurar a felicidade, Cantanduva, como era conhecido, nunca foi brilhante. Calado, introvertido, não tolerava idiotas e não se compadecia com gente burra. Abominava a falsidade e a deslealdade; modesto, mas orgulhoso, cultivando o brio pessoal.

Viveu e testemunhou muitos acontecimentos, uns felizes outros nem por isso.  Mas o que o marcou profundamente a sua memória foi quando lhe pediram que ajudasse um rapaz mais novo. Chamava-se Chitanguereka e tinha 16 anos. Como era da praxe, um dos “rictos de passagem”, que naquela idade tinha de ser cumprido, era a circuncisão. O pai deixou-o ir com o respetivo padrinho para um lugar secreto, onde decorreria essa operação.

Não vou pormenorizar o acto cirúrgico, feito ao ar livre com bisturis rudimentares e sem aplicação de desinfectantes ou antibióticos, nem a liturgia que o acompanha. Cinjo-me ao resultado final no Chitanguereka. Para justificarem o pedido de ajuda, desnudaram-no para eu próprio verificar o que acontecera. E quando olhei para a zona púbica do desgraçado rapaz  foi como me chicoteassem- Senti uma emoção profundamente triste e insanável: havia apenas um furo. Tudo o mais era perfeito: os testículos estavam no lugar e mais nada. Foi uma visão tremendamente marcante

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Calhando ...

  Tenho uma grande paixão pelo Benfica. Desde criança  e assim que soube pronunciar a palavra Benfica que sou deste clube. Ontem, 18 de Agos...