Era um ritual secreto. Mas fui convidado a assistir. Levei a máquina fotográfica e a 8 milímetros para me documentar.
A cerimónia começou de manhã cedo. Todos os miúdos (eram uma dezena), entre os 10 e 15 anos estavam sentados no chão e à frente de cada um estava o respectivo "padrinho". Fiquei a saber que adquiririam um novo nome, o que lhes dava vantagens futuras perante as autoridades: umas vezes era João, outras, Canivete, confundindo-as !
Bem ! Os "padrinhos" com uma lamina de barbear ou um pequeno canivete bem afiado, puxavam a pele que cobre o prepucio e ... zás! cortavam-na num só golpe, a sangue frio. Ouvia-se um grito lancinante, seguido do choro clamoroso dos miúdos quando viram o sangue a jorrar do pénis. Depois, davam-lhes dois paus que engendravam numa pinça e que os circuncidados seguravam para apertar o órgão até estancar o sangramento. O ritual continuava durante mais duas semanas e quando estavam cicatrizados eram apresentados à sociedade como se já fossem capazes de relações sexuais. Seguia-se um batuque onde as danças faziam o culto fálico. Bem ! Deixemos o culto.
Vi mais tarde o Canivete. Era um rapaz de 18 anos. Mas estava muito triste. Perguntei-lhe pela razão de tamanha tristeza. E fiquei fulminado, aturdido, quando, baixando as calças, me mostrou o resultado final da circuncisão: no lugar do pénis estava lá apenas um furinho, rente ao púbis, por onde urinava.
O Canivete nunca chegou a ser um homem inteiro!
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