01 maio 2020

Absurdo


Ambos se chamavam de Francisco. Mas a distância entre eles é de séculos no tempo e de milhares de quilómetros na geografia.
O Francisco Costa colheu o indulto da sua condenação à morte do rei D.João II no século XV (1487), enquanto o Francisco Sabalo, condenado pelo cancro, morreu no século XXI.
O primeiro não entrou no “Guinness” por que ainda não existia, embora tivesse sido pai de 299 filhos, enquanto o segundo está nele referenciado com o record de 285.
Francisco Costa era um devasso,  um autêntico barrasco: foi acusado e, por isso, condenado à morte, por ter fornicado com 29 afilhadas, 5 irmãs, 9 comadres, 7 amas,2 escravas, uma tia e própria mãe, das quais teve os tais 299 filhos.
E vejam: o indulto, segundo despacho real, resultou da necessidade de povoamento da região da Beira Alta.
Francisco Sabalo Pedro, nascido na etnia mucubal, polígamo, povoou a região do Namibe em Angola com 243 filhos de 42 mulheres e daqueles com 250 netos e 53 bisnetos, o que perfaz o total de 538 descendentes.
O Francisco Costa, branco, foi prior de Trancoso, enquanto Francisco Sabalo Pedro, negro, foi soba da ilha de Mungongo em Moçamedes.
Não tenham duvidas: estas excentricidades constam do arquivo da Torre do Tombo( armário 5, maço 7) e do arquivo do Governo Provincial de Moçamedes.

Mas o que é o absurdo ?. Será uma ideia ou uma prática contrária à nossa ?

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