27 abril 2017

Como dizia Popper “ … é precisamente no pouco que sabemos que somos diferentes, já que somos todos iguais na nossa ilimitada ignorância.”

Isto vem a propósito de uma anedota que ouvi já lá vão umas décadas:

    Um mancebo apresentou-se no quartel para o recrutamento. Recebeu-o um cabo que começou, desde logo, a preencher uma ficha cadastral.
    - Como te chamas?
    - José Maria de Jesus.
    - Pai?
    - Alexandre de Jesus.
    - Mãe?
    - Maria da Encarnação.
    - Aonde é que nasceste?
    - Freixo-de -espada -à –cinta.
    - Profissão?
    - Eu sou bloqueiro.
    - Bloqueiro! Ah! Bloqueiro, pois, pois.
O cabo levantou-se e foi ter com o sargento e disse-lhe:
    - Meu sargento: está ali um gajo que diz que é bloqueiro.
    - Bloqueiro? Manda cá o rapaz.
Chamado o mancebo à presença do sargento, este iniciou novamente o interrogatório:

    - Qual é o teu nome?
    - José Maria de Jesus.
    - Filiação?
    - Alexandre de Jesus e de Maria da Encarnação.
    - Naturalidade?
    - Freixo-de-espada-à-cinta
- Profissão?
- Bloqueiro.
- Umm! Tem piada. Bloqueiro, não é?
    - Olha! Espera um pouco. Vou falar com o nosso alferes.
Dirigiu-se ao gabinete do alferes, perfilou-se, fez a continência, e disse-lhe:
    - Meu alferes: apresentou-se um gajo que diz que é bloqueiro.
    - Bloqueiro?!! Trá-lo cá.
Entrou o recruta, interrogado, agora pelo alferes, respondeu às questões que lhe foram postas:
    - Então rapaz. Já sei que és de Freixo-de espada-à-cinta
    - Sou sim senhor.
    - O que é que fazes?
    - Sou bloqueiro.
    - Curioso! Bloqueiro. Cá está ele. Pois, pois, bloqueiro!
O alferes abriu a porta do gabinete do capitão, contíguo ao seu, e disse-lhe:
    - Oh! meu capitão: não quer lá ver que temos aqui um recruta que é bloqueiro!
    - Bloqueiro?
    - Diz que lá na terrinha é bloqueiro.
    - Apresenta-mo
José Maria de Jesus foi presente ao capitão que novamente o interrogou:
    - O que é que fazes na vida, rapaz?
    - Sou bloqueiro.
    - Ainda bem! Faltava-nos cá um. Vou-te levar ao nosso coronel, por sinal comandante do batalhão.
Meu coronel, diz-lhe o capitão. Está ali um tipo que diz ser bloqueiro.
    -Bloqueiro, exclama o coronel. Manda-o entrar.
    - Dá-me licença, meu coronel.
    - À vontade, meu rapaz. Então és bloqueiro. Do que é que precisas para trabalhar?
    - De uma celha com água e umas pedras.
O coronel virou-se para o capitão e disse-lhe para preparar os apetrechos na parada do quartel. Este ordenou ao alferes a execução da ordem que a passou ao sargento e este ao cabo.
    O cabo chamou dois soldados para colocarem no meio da parada a celha com água e as pedras. Tudo pronto, foi avisado o coronel que se deslocou à parada, na qual estava todo o batalhão para assistir à cena.
    - Então, rapaz? Mostra lá do que és capaz.
O mancebo, alvo da curiosidade de todo o quartel e em especial do cabo, sargento, alferes, capitão e coronel, agarrou nas pedras que deitou à celha que fez bloq! bloq! bloq!

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