Quem vai ganhar esta guerra ?
Aposto na Rússia. Vamos saber daqui um mês como param as coisas.
"Se o nosso espírito pudesse compreender a eternidade ou o infinito, saberíamos tudo. Até podermos entender esse facto, não podemos saber nada."
Fernando Pessoa
Quem vai ganhar esta guerra ?
Aposto na Rússia. Vamos saber daqui um mês como param as coisas.
Hoje vou visitar um Centro de Saúde. Quando ali chegar, vou perguntar à funcionária que direitos é que tenho, pois já ando pelos 95 anos. Vou começar a chateá-los.
Andei na Escola nº 28, de “ Pereira do Nascimento “, na Vila da Ganda, em Angola, A minha professora era a Srª D. Emília, cujos filhos foram meus grandes amigos, nomeadamente o Joaquim (Quim), a quem dei a fumar os primeiros cigarros. Era uma grande professora ! Aturava os quatro anos escolares apenas numa sala, mas todos aprendiam.
Recordo que na porta de entrada havia dois ganchos e, em cada um, uma pera em madeira, a de cor azul para meninos e a outra rosa para meninas. E quando queríamos ir ao WC, só podíamos sair da aula se uma das peras estivesse pendurada. Íamos buscá-la e saímos discretamente.
No intervalo, os rapazes iam para o mato e as meninas ficavam no quintal da escola. Os meninos, além das brincadeiras próprias, faziam ali as suas necessidades e limpavam-se com o que houvesse à mão.
Eram outros tempos e não nos queixávamos .
"A liberdade nunca pode ser tomada por garantida. Cada geração tem de salvaguardá-la e ampliá-la. Os vossos pais e antepassados sacrificaram muito para que pudésseis ter liberdade sem sofrer o que eles sofreram. Usai este direito precioso para assegurar que as trevas do passado nunca voltem."
Nelson Mandela
Estava a brincar numa camioneta. Ao lado os meus tios, não posso recordar a razão, andavam à pancada, violentamente. Tinha apenas 4 anos e sentia-me aterrorizado. Comecei a choramingar e acabei por cair da camioneta, ferindo-me na cabeça. Pouca coisa: um galo e um rasgão no couro cabeludo, sem gravidade, mas que conduziu ao fim da luta entre irmãos.
Hoje, tenho 91 anos e recordo com saudades esse tempo. Os meus tios estão no céu e eu ainda cá ando !
Lembram-se ?
O Estatuto do Indígena é o termo utilizado para definir os direitos, mas sobretudo os deveres, dos indígenas das colónias portuguesas, expressos em vários diplomas legais.
O primeiro foi o Estatuto Político, Social e Criminal dos Indígenas de Angola e Moçambique, de 1926, o Acto Colonial de 1930, a Carta Orgânica do Império Colonial Português e Reforma Administrativa Ultramarina, de 1933 e finalmente o Estatuto dos Indígenas Portugueses das Províncias da Guiné, Angola e Moçambique, aprovado por Decreto-lei de 20 de Maio de 1954, e que era uma lei que visava a "assimilação" dos indígenas na cultural colonial (ocidental). O estatuto foi abolido em 1961 com as reformas introduzidas por Adriano Moreira quando foi Ministro do Ultramar, com o objectivo de permitir aos indígenas um acesso mais fácil e abrangente à cidadania portuguesa e aos direitos inerentes a ela.
Até à introdução do Estatuto e, de uma forma geral, os indígenas não tinham virtualmente nenhuns direitos civis, ou jurídicos, nem cidadania. Com a nova lei ficavam estabelecidos três grupos populacionais: os indígenas, os assimilados e os brancos. Para a passagem era necessário demonstrar um conjunto de requisitos (como saber ler e escrever, vestirem e professarem a mesma religião que os portugueses e manterem padrões de vida e costumes semelhantes aos europeus, por exemplo) que os indígenas teriam de alcançar para obter o estatuto de "assimilado" e poder usufruírem de direitos que estavam vedados aos indígenas não assimilados.
Azar dos Távoras. Esta semana guiei tão mal tão mal que furei um pneu e entortei a direcção do carro. Andava de rodas abertas. Tive de meter dois pneus à frente e lá se foi o subsídio de Natal. E esta, hei !
Tu és assim, uma espera contínua pela tua ausência, um minuto que vem sem ti. Todas as coisas que me faltam, todas aquelas que não tenho.
Por vezes penso que tenho tudo mas logo vem aquele minuto de vazio em que todas as coisas se vão, em que me lembro que não te tenho. Podem vir de longe as palavras que me faltam mas será sempre a ausência que preencherá o meu tempo sem ti. És assim um corpo longínquo, um olhar distante, um abraço apertado que não sinto. Talvez seja assim que se constrói a teoria dos corpos amorosos, talvez seja assim que, palavra a palavra, se constrói a memória boa dos amores imortais, talvez seja este o laço que liga os sonhadores cujos sonhos um dia se cruzaram, talvez seja assim que se alimenta a infinita espera contínua, talvez seja assim que se mantém viva a extraordinária esperança de que são feitas as almas que se esperam.
Copiado de "Um jeito manso"
Um dia vou-vos contar …
Um dia, vou-vos contar, ia em viagem para Mandimba montado na carroçaria de ferro de um camion militar GMC, atapetado com sacos de areia. A estrada era só lama e rilheiras, serpenteando a floresta densa e verdejante. Os condutores tinham instruções rigorosas para não saírem das rilheiras devido ao perigo de pisarem minas.
A coluna militar era constituída também por jeeps e unimogues, estes da marca “Mercedes”, muito altos e com carroçaria de madeira.
O condutor do unimogue era negro e nessa viatura viajava uma secção de soldados de ambas as raças, recrutados na colónia, comandados por um furriel. No camion GMC viajava uma secção de soldados que tinham vindo de Portugal continental e que eram todos brancos, comandados por um sargento. Além disso, transportava todos os produtos para alimentar a companhia durante, pelo menos, 15 dias: enlatados, óleos, ovos, bacalhau, leguminosas, enfim diversos artigos.
Deus escreve direito por linhas tortas!
Como achei estranho que à frente da coluna fosse o “unimogue”, carroçaria de madeira ( imaginem o efeito do rebentamento de uma mina anticarro), enquanto a “GMC”, carroçaria de metal, atapetada de sacos de areia, seguia imediatamente, perguntei ao sargento a razão de tal medida e este disse-me, sem qualquer pudor, que “não veio para a colónia para morrer. A morrer que morressem os pretos que estavam na sua terra”.
Mas, ironia do destino, aconteceu o inesperado. A vida tem destas coisas: “Deus escreve direito por linhas tortas”!
Eu conto.
O condutor negro do “unimogue” fazia aquele percurso pela primeira vez. Mandimba ficava a 80 klms. Tinha sido recrutado recentemente para substituir outro condutor que tinha acabado o seu tempo do serviço militar. Obtivera há muito a carta de condução e era experiente naquelas estradas.
A coluna lá seguia lentamente, pois quando chegava a um rio ou riacho havia necessidade de se reconstruir a respectiva ponte com troncos de árvores e restos de tábuas ali espalhadas. As viaturas tinham maior dificuldade nas subidas ao sair das pontes, pois patinavam na lama quando o motor transmitia mais força aos rodados.
Naturalmente que nestas circunstâncias e ainda mais quando se atravessavam aldeias, embora todas desertas, eram tomadas precauções de defesa. Passava a primeira viatura, acelerada, enquanto os militares das outras viaturas a cobriam com as suas armas engatilhadas e prontas a disparar a qualquer ataque.
Como disse, o novo condutor do “unimogue” tinha grande experiência de condução e, por isso, habituara-se a conduzir fora das rilheiras. De quando em quando o furriel chamava-lhe a atenção, mas ele voltava ao mesmo.
E de repente, ouviu-se um grande estrondo naquela mata. Irrompeu de imediato uma grande gritaria; ouviam-se rajadas de espingardas e de metralhadoras. Toda a gente deitada ou agachada no solo, espingardas e até pistolas empunhadas a disparar contra desconhecidos e lugar incerto.
Afinal, o que acontecera?
É isso mesmo o que está a pensar: O camion “GMC”, que nunca saia das rilheiras, pisara uma mina anticarro e ficara esfrangalhado. Felizmente o sargento sobreviveu. E também os ocupantes do “unimogue”.
... e continuo a luta...